domingo, 22 de junho de 2008

O Imóvel

Num edifício em ruínas dormitava.Não longe dali um terreno esperava a especulação. Um Vendedor de imobiliário de profissão acumulava com empreendedor dentro dum aquário em part-time. Vendas à comissão e peixes e algas como vulgar emoção. Debaixo de água sentia-se em casa, no T4 com duplex e vista para a cidade esperava singrar. As ostras na mesa, a amante na cama. Nos escombros o sem-abrigo nem aguardava o destino. As máquinas arrasavam. Um cenário de destruição, enquanto o champagne regava a reunião. As Beatas recolhidas e refumadas do chão, do outro lado a cobiça e o dinheiro em caixa mudava de mão. A antiga urbanização em implosão. Debaixo dela as vidas em explosão. O cobertor como única salvação. O exaustor e o jacuzzi em promoção. Estilhaços que caiem sobre uma antiga vida. Pedaços de azulejo espalhados pela sala numa única peça decorativa. O solo revolvido e alisado, uma vida esquecida e ali enterrada. O condomínio crescia e prosperava. Um cadáver fedia e a nova famiia hospedada olvidava. Um aperto de mão entremeado num bafo de charuto, um negocio fechado um nó de gravata apertado. No 3º Direito uma chave nova no novo retiro, debaixo da cave: Um ultimo suspiro
C.

1 comentário:

Anónimo disse...

Num edifício debaixo de água, as ostras arrasavam as Beatas. O dinheiro mudava de mão em salvação, pedaços de amante na cama aguardavam o destino. Estilhaços de suspiro dormitavam um cenário direito: cobertor, azulejo, solo, condomínio, cadáver. Um aperto apertado no novo retiro olvidava as vidas. Nó. Explosão.
Esperava singrar...