quarta-feira, 18 de junho de 2008

Se Crusoe Soubesse

Acordou na ilha, naufragado, como manda o costume. Encontrou um pequeno carreiro, um caminho. Seguiu. Ao andar, recordou a sua infância nas palavras bíblicas "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida...". Sorriu. Kafka dizia que "existe um objectivo, mas não um caminho; aquilo a que chamamos caminho é hesitação". Hesitou. Hesitado, sentou-se. Sentado, revoltou-se. Lembrou-se do Juiz Cavalheiro, Hakim Bey: "Não há devir, não há revolução, não há luta, não há caminho; já és o monarca da tua própria pele - a tua liberdade inviolável espera apenas ser completada pelo amor de outros monarcas: uma política de sonho, tão urgente quanto o azul do céu." Olhou em volta. Tinha-se sozinhado. Voltou pelo carreiro, cumprimentou as algas e desceu, hipnotizado pelo fundo do mar. Teria gritado Mãe!
se soubesse o seu nome.

B

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