segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Agora

O tempo passou de repente e de rompante pensou que, passo a passo, permanecesse indefenidmente a ver passar as pessoas. Mas deitou fora a pena e a tinta e partiu, partindo o que possuía (um relógio de corda antigo, que lhe tinha dado o velho que voltara naquele dia e que, dizendo adeus, cantara debaixo da chuva) e prometendo que chegaria ao seu destino sem posses para, de alma e bolsos leves, conseguir penetrar na penumbra e desvanecê-la com a força do seu vazio.

O tempo veio e não foi agarrado. Passou sem ninguém dar por isso e cristalizou-se na rocha da serra. Tornou-se numa pedras preciosa que todos procuravam e não pelo seu valor pecuniário mas sentimental.

Procurou e encontrou. Pensou e chegou à conclusão do seu pensamento sem medida para uma estrutura que caía como que em câmara lenta. percebeu que a serra se desmoronava. Rapidamente voltou a colocar a o tempo no seu devido lugar. A serra manteve-se de pé. O tempo teria de ficar onde o tinha encontrado, pela saúde de tudo os que habitava a serra deserta de pessoas.

Deserto, partiu de novo de regresso a casa onde lhe esperavam as ruínas do templo e as madeiras apodrecidas das fundações da cidade que, mesmo morta, seria sempre sua, acolhedora e sua, como um brinquedo velho que traría sempre conforto no frio ar daquele inverno solarengo, prenúncio de algo mais...

b (renascendo lentamente)

1 comentário:

Porcelain disse...

Ver passar as pessoas é bom, aprende-se coisas sobre nós mesmos... a ausência de posses é igualmente interessante, pois deixa espaço aberto a novas aquisições... :-))

O parvo do tempo faz o que quer e nunca ninguém o consegue agarrar... aiii se ele fugisse... ai se ele cristalizasse na serra e nos deixasse livres e soltos, sem termos de contar os minutos!! Não o buscaria, não, nem pelo valor sentimental!! Deixava-o lá ficar, e os relógios usava-os como adornos para os braços e bibelôs para os móveis... :-))