quarta-feira, 2 de julho de 2008

Naturalmente

Se eu tivesse qualquer coisa para fazer,
Arrancava a pele e as unhas,
Esfregava-me pelo chão,
Espojava-me na palha.

Se tivesse algo para contar,
furava os olhos, cortava a língua
fechava-me na cave.

Se tivesse um dia de falar,
perdia-me na multidão,
imolava-me pelo fogo,
fugia para a mata,
atirava-me ao poço.

Um dia, em silêncio, sarava as feridas e finalmente dormia.

Encontrava-me

C.

6 comentários:

Porcelain disse...

Porque este mundo é demasiado confuso, demasiado cruel... mais vale anular qualquer vontade, qualquer desejo, vontade necessidade de fazer, contar ou falar... mais vale estar quieto.

Porque nem sempre chega o silêncio da sabedoria, nem sempre as feridas saram, nem sempre o sono descansado e reparador dos justos vem...

Porcelain disse...

Porque nem sempre conseguimos encontrar-nos...

Anónimo disse...

Porque nem sempre sabemos que estamos perdidos...

b.

Susana Júlio disse...

Ou porque nem sempre se se falar se dizem as coisas mais correctas...porque as nossas palavras tanto podem ser pedras para nós quanto para os outros.

Cruztáceo disse...

voilá! e fiat lux!

Porcelain disse...

Tantas vezes está mais perdido quem mais acha que se encontrou... isso assusta-me deveras...

bjoka!