sexta-feira, 11 de julho de 2008

Um gato do sotavento

da varanda via passar a gente na calçada
estava feliz até endiabrada
dava pulos de contentamento estridente
saltou caiu cá baixo
todos acudiram
juntaram-se numa roda
fizeram-se juras de amor eterno
roda à volta da fogueira
esgotou-se o vinho
as meninas vinham
e ficavam no rio mesmo à beira
fez birra,
puxou os cabelos,
enforcou-se neles
todos troçaram dela
ninguém mais riu
também nada se passou
era contado por uma arara
e passado a escrito
pelo piriquito
A Tinta jorrava

ahahah

afinal a menina voava,
era uma tira de papel que esvoaçava
donde vinha? Ninguém sabia
a gente na praça especulava

Amen

rezou-se um terço
num domingo soalheiro
choveu na segunda
nas noticias falou-se dum tiroteio
o locutor engasgou-se
muda de canal! - Exclamou

"bip! Ao segundo sinal serão:
vinte e uma horas quarenta e três minutos e alguns segundos,
mas poucos..."

z. Petiz